-Compulsão alimentar-

João Carlos Baptista

O comportamento de compulsão alimentar pode ser definido pela perda de controle ao ingerir grande quantidade de alimentos. Essa falta de controle sobre o ato de comer traz sentimentos de culpa e de vergonha. Por consumirem quantidades absurdas de alimento, os compulsivos costumam alimentar-se sozinhos. Normalmente são pessoas obesas e/ou apresentam uma história de variação de peso, pois a comida é usada para lidar com problemas psicológicos.
O transtorno do comer compulsivo é encontrado em cerca de 2% da população em geral, mais freqüentemente acometendo mulheres entre 20 e 30 anos de idade. Pesquisas demonstram que 30% das pessoas que procuram tratamento para obesidade ou para perda de peso são portadoras de transtorno do comer compulsivo.
Os sintomas são: ingestão exagerada de alimentos ou algum tipo de alimento (muitas vezes doces), comer mesmo sem ter fome, dietas freqüentes, flutuação do peso, humor deprimido, comer em segredo por sentimento de vergonha e culpa, obesidade.
As causas desse transtorno podem ser muitas. Em torno de 50% das pessoas têm uma história de depressão. Muitas pessoas relatam que a raiva, a tristeza, o tédio, a ansiedade e outros sentimentos negativos que podem desencadear os episódios de comilança. São pessoas que têm um histórico de dietas sem sucesso.
Exige uma abordagem multidisciplinar que inclui médico, nutricionista e psicólogo. O objetivo do tratamento é o controle dos episódios de comer compulsivo através de técnicas terapeuticas e de um acompanhamento nutricional para restabelecer um hábito alimentar mais saudável. O acompanhamento clínico faz-se necessário pelos riscos clínicos da obesidade. As medicações antidepressivas têm se mostrado eficazes para diminuir os episódios de compulsão alimentar e os sintomas depressivos.

O que você aparenta é, certamente, um aspecto de quem você é. Ter dificuldade em aceitar a sua aparência torna difícil que você se aceite como pessoa. Nesse sentido, a relação de cada um com o seu corpo, especialmente suas crenças, percepções, pensamentos, sentimentos e ações, pode necessitar ser revista e fortalecida.
A terapia irá abordar, identificar e trabalhar as cognições que alimentam os comportamentos problemáticos.  É importante contato e conhecer as várias facetas da imagem corporal. Identificando quão satisfeito se encontra em relação aos vários aspectos do seu corpo, revendo prováveis influências históricas para as causas atuais de sua insatisfação com o seu corpo, lembrando de experiências ligadas à imagem corporal em diferentes períodos da vida. Conhecer estes padrões, tanto de força quanto de vulnerabilidade permitirá que se faça mudanças. Aprender o que está errado possibilitará traçar objetivos a serem alcançados e, com isto, melhorar.
Muitos padrões de pensamentos são habituais e automáticos. Determinados eventos podem disparar estes pensamentos que acarretam danos emocionais que aumentam ruminações autocríticas aumentando ainda mais o desespero. Evitar tais situações ou tentar corrigir ou esconder as imperfeições na aparência são formas encontradas para lidar com o desconforto, porém são estratégias que promovem alívio temporário, que na realidade perpetuam o problema. A fim de superar a imagem corporal negativa, este ciclo acima descrito deve ser interrompido. Para a mudança da imagem corporal é necessário um exame e entendimento das particularidades de cada episódio de desconforto à medida que ocorrem. Isso é possível a partir da auto-monitoração através do registro em um diário da imagem corporal.