Aquecimento global

Nosso planeta tem esquentado gradualmente desde a última Idade do Gelo que terminou há 10.000 anos atrás. Até o momento, as temperaturas têm aumentado um quarto de grau por cada 1.000 anos. Durante os últimos 100 anos, as temperaturas aumentaram o dobro em relação a esta quantidade. Para piorar esta situação alarmante, os dias mais quentes foram registrados durante esta última década. Os cientistas prevêem agora que as temperaturas estão destinadas a aumentarem até 6 graus durante o próximo século, o que poderia trazer conseqüências devastadoras.

Os termos “aquecimento global” e “efeito estufa” transformaram-se em temas importantes durante os anos 80. Cientistas ambientalistas que trabalhavam no Hawaii descobriram que o dióxido de carbono tinha aumentado 8% entre 1959 e 1983. Eles atribuíram este aumento ao uso cada vez maior dos combustíveis fósseis.

Os cientistas determinaram que os gases nocivos dos carros, da indústria e da agricultura eram a causa da desgraça do nosso planeta. Entretanto, o aquecimento global e o efeito estufa são essenciais para a vida na terra. Quando o sol esquenta a terra, alguns gases da atmosfera atuam como o vidro de uma estufa, absorvendo o calor e conservando o planeta cálido o suficiente para manter a vida. Sem eles, nós estaríamos vivendo em temperaturas frias de 18 graus centígrados. O problema aparece quando acontecem mudanças sutis que afetam o equilíbrio. Os cientistas determinaram que as concentrações cada vez maiores de vapor de água, CFC, metano e dióxido de carbono estavam afetando o nosso meio ambiente. Grande quantidade dos “gases estufa” isolam efetivamente a terra e evitam que o calor escape, fazendo com que as temperaturas do planeta aumentem a níveis alarmantes.

Alguns gases estufa, como o dióxido de carbono, aparecem naturalmente na atmosfera. Mas os CFC (abreviatura de clorofluorocarbono) são o resultado direto do processo industrial e da engenharia mecânica. Os CFC podem ser encontrados nos aerossóis, líquidos refrigerantes e ar condicionado; muito mais nocivos do que qualquer gás estufa.

Acredita-se que os CFC são responsáveis pela destruição de uma parte da atmosfera conhecida como capa de ozônio. Situada a uma altitude aproximada de 10 Km., o ozônio é uma capa protetora que reduz a quantidade de raios ultravioletas que o sol envia para a terra. Além de ser prejudicial para a nossa pele, os raios ultravioletas (raios UVA) também contribuem para o aquecimento global.

A pesar da ameaça dos CFC, o dióxido de carbono é ainda mais nocivo para o nosso meio ambiente, pois é produzido em maior quantidade. De fato, os níveis de carbono na atmosfera terrestre têm aumentado em mais de 30% desde que o homem começou a depender dos combustíveis fósseis a partir da revolução industrial, há 160 anos atrás. Os automóveis são agora responsáveis por cerca de 15% ou 400 milhões de toneladas da nossa produção total de carbono. Os cientistas sabem que se a quantidade de carros aumentar na mesma proporção atual, existirá mais de um bilhão em circulação no ano de 2025. Todos sabemos que os animais inalam oxigênio e exalam dióxido de carbono (CO2). As plantas e os microorganismos, como o plâncton do oceano, fazem exatamente ao contrário; transformam o CO2 em oxigênio através da fotossíntese. Estima-se que a fotossíntese transforma ao redor de 60 bilhões de toneladas de dióxido de carbono todos os anos. De fato, esta é a maneira mais efetiva de reduzir os níveis de carbono, equilibrando a quantidade de CO2 que exalam os animais. Esta é a razão pela qual a destruição das selvas auxilia na alteração do ecossistema terrestre.

Mais de 50% das selvas que existiam no final da última Idade do Gelo desapareceram. As selvas da América do Sul, Ásia e África foram eliminadas dez vezes mais rápidas do que o processo de reflorestamento das nações do primeiro mundo. Não é preciso ser um gênio para perceber que a situação atual é insustentável.

 

As temperaturas do planeta aumentaram 0.6 graus centígrados durante os últimos 140 anos. Esta quantidade pode ser aparentemente insignificante, mas se as temperaturas continuarem aumentando neste ritmo, as conseqüências em 2050 seriam catastróficas.

De fato, alguns cientistas estão prevendo um aumento de 6 graus centígrados durante este século. Suas conclusões são fáceis de serem entendidas: um efeito dominó das mudanças climáticas poderia significar uma devastação generalizada nos nossos tempos. Inundações, o avanço do deserto através da Europa, terremotos, ondas gigantescas são alguns dos desastres que poderiam acontecer.

Bill McGuire é professor de Riscos Geológicos, uma ciência dedicada a prever as mudanças ambientais ao redor do mundo, e lidera o maior centro de investigação da matéria na Europa. McGuire e outros cientistas como ele acreditam que o aquecimento global trará conseqüências que só podemos imaginar agora. Em 2000, uma de cada 30 pessoas ao redor do mundo foi afetada por catástrofes naturais. Mc Guire e seus investigadores consideram que muitas aconteceram devido ao clima e que a situação vai piorar no futuro. Segundo McGuire, dentro de 50 anos todos serão atingidos por tormentas de vento, inundações e secas.

“Ninguém está a salvo em nenhum lugar”, disse McGuire com pessimismo. ”Não haverá nenhum lugar onde poderemos correr para evitar o impacto do aquecimento global”, alerta. O aumento das temperaturas e as mudanças das correntes oceânicas farão com que os gelos polares se derretam. Um dos maiores exemplos é a capa de gelo Larsen B da Antártica. Um pedaço de gelo de 3.250 quilômetros quebrou em março de 2002. Imagine milhões de quilômetros quadrados de gelo de centenas de quilômetros de largura misturando com os oceanos do mundo inteiro. Estima-se que os níveis dos mares do mundo aumentariam como água numa bacia.

Modelos computadorizados prevêem que isto terá um efeito dramático, especialmente nos pontos de pouca altitude e em áreas costeiras densamente povoadas, como estuários e deltas. Um crescimento de apenas um metro poderia transbordar o Delta do Nilo no Egito e deixar 20% de Bangladesh debaixo dágua. Em 2050, os países baixos poderiam alagar-se e uma parte de Londres e o sudeste da Inglaterra ficarem submergidos.

As flutuações na corrente do Golfo e a largura do Oceano Atlântico poderiam ocasionar um transtorno muito sério nos sistemas climáticos da Europa. Se as temperaturas continuarem aumentando nos próximo 50 anos, os desertos poderiam se expandir pelo norte da África e através da Europa.

Nossos oceanos possuem um papel importante no controle do clima da Terra. Pela água ser 1.000 vezes mais densa do que o ar, retendo quatro vezes mais o calor, os oceanos armazenam grandes quantidades de calor. As correntes do oceano transportam calor ao redor do globo, semelhante ao sistema de calefação das casas. Mas os mares quentes devastam os ecossistemas submarinos.

As crescentes temperaturas estão tendo um efeito desastroso nos corais. Em 1998, os cientistas anunciaram que as maiorias dos corais estão morrendo. Grandes faixas de corais já desaparecem na costa da Florida. Os recifes coralinos são produzidos por pequenas criaturas marinhas chamadas de pólipos. Elas possuem esqueletos externos rígidos feitos de cálcio, formando vastas colônias através dos anos. O coral forma-se ao redor do mundo nas águas cálidas a mais de 20 graus centígrados e geralmente em profundidades menores que 50 metros. A Grande Barreira de Coral é o maior e mais conhecido recife coralino que existe. Estima-se que mais de um quarto de todos os peixes que estão ao redor dos recifes coralinos ocupam apenas 0,02% dos oceanos do mundo. Isto poderia explicar porque os recifes de corais são chamados em algumas ocasiões de selva do oceano. Como 15% de toda a pesca mundial de peixes é feita nestes lugares, isto traz sérias conseqüências para e economia mundial. Mas esta perda é muito mais profunda. A barreira atua como um quebra-mar que protege as ilhas e as costas das violentas tormentas do mar aberto, principalmente durante a temporada de furacões. É evidente que a temperatura dos oceanos também gera os furacões; as tormentas mais poderosas e temidas do trópico.

Os furacões são enormes sistemas rotativos de baixa pressão; grandes o suficiente para serem vistos desde o espaço. Eles trazem consigo chuvas torrenciais, tormentas e ventos muito fortes. Os furacões elevam ao mesmo tempo o nível do mar e freqüentemente causam inundações nas costas baixas. Este fenômeno é conhecido como “grande onda de tormenta” e pode alcançar até 4 metros de altura.

As condições devem ser precisas para que um furacão seja formado; a superfície marinha deve estar acima dos 26.5 graus centígrados. Para poder serem classificados como furacão, tufão ou ciclone, como são conhecidos na Ásia, a velocidade do vento deve ser superior a 117 km/hora. Cerca de 50 tormentas tropicais são classificados como furacão a cada ano. Se os oceanos esquentarem mais, esta cifra poderia se duplicar. Os atóis tropicais como as Maldivas, que se elevam menos de 1.8 metros sobre o nível do mar, poderiam desaparecer para sempre junto com sua população de 270.000 pessoas.

Os geólogos acreditam que o crescente nível do mar terá complicações que poderiam ser mais decisivas do que o clima. O peso adicional de milhões de quilômetros cúbicos de água poderia causar tensão nos pontos mais fracos da crosta terrestre, conhecida como litosfera pelos especialistas. Isto poderia precipitar os terremotos, erupções vulcânicas e falhas geológicas, causando devastação local e enviando gases nocivos e escombros à atmosfera. Podem acontecer também riscos de tsunamis. Estas ondas gigantes são geradas por terremotos submarinos e podem viajar milhares de quilômetros ao redor do oceano a 800 km/h. Elas aparecem sem avisar com ondas de até 30 metros de altura. Os geólogos prevêem que o vulcão de La Palma das Ilhas Canarias poderia explodir em algum momento no futuro. Conseqüentemente, o desastre poderia enviar um mega tsunami de 500 metros de altura pelo Atlântico que engoliria partes do Reino Unido.

O aquecimento global é um fenômeno mundial. Continentes, países, cidades e comunidades poderiam estar a milhares de quilômetros de distância, mas ninguém vive totalmente isolado. As repercussões da conduta irresponsável do homem e os desastres naturais nos afetam e afetarão a todos.

O panorama atual com o aquecimento global não é dos melhores e infelizmente vai piorar. Espera-se que a população mundial aumente de 6 a 8 bilhões nos próximos 50 anos. Estas pessoas, inevitavelmente, aumentarão a pressão sobre os recursos terrestres que já estão espremidos.

É essencial para os especialistas entender como funciona o ciclo global do carbono para que possam prever como comportaria nosso clima no futuro. Nos ajudariam a entender quais medidas precisamos tomar para reverter a destruição do mundo. Não é um processo simples, mas prever o futuro nunca foi fácil. Os experts do Centro Hadley, um braço experimental do escritório MET, enfocam-se em assuntos associados com as mudanças climáticas e previsões. Sua investigação está dedicada a entender a física, a química e os processos biológicos dentro do sistema climático. Através de fundos do governo e um par de poderosos computadores Cray T3E, os especialistas monitoram as mudanças climáticas globais e as nacionais. Os cálculos matemáticos utilizados são tão complexos que só podem ser realizados por computadores. Programas de última tecnologia têm sido desenvolvidos para resolverem estas fórmulas. Estes são os chamados “modelos climáticos”. Vários tipos de modelos são usados para determinar a grande gama de previsões. Isto inclui: Química atmosférica, circulação Oceânica,  clima Regional, emissões de carbono e outros gases estufa. Os programas de modelos climáticos simulam representações detalhadas em 3-D das mudanças no clima global durante os últimos 100 anos. Eles também ilustram os tipos de variações climáticas que podemos esperar para o próximo século. O Centro Hadley admite que seus modelos climáticos estão sempre sujeitos a um grau de incerteza, só podem ser tão bons quanto à informação fornecida.

Entretanto, o lançamento de um relatório realizado em conjunto com o Centro Hadley e o Centro de Investigações de Mudanças Climáticas Tyndall, expôs algumas previsões preocupantes. Em 2080, a temperatura anual média no Reino Unido poderia aumentar de 2 a 3.5 graus centígrados. Nossos verões serão cada vez mais freqüentes e os invernos escassos. Também se estima que devido à redução de 40% da umidade do solo na Inglaterra, a agricultura atravessará sérias dificuldades. O nível do mar ao redor do Reino Unido está também destinado a subir entre 26 a 86 cm. Isto significa que lugares como o sudeste da Inglaterra estará mais susceptível a ondas grandes e inundações.

Para reverter os efeitos do aquecimento mundial, a grande maioria dos cientistas e os governos concordam que é necessário tomar medidas drásticas. É preciso reduzir as emissões de carbono do mundo, recortar a produção de CFC e outros químicos destruidores da capa de ozônio e deter a devastação.

Em dezembro de 1997, as Nações Unidas celebraram em Kioto, Japão, a Convenção sobre a Mudança Climática. O Tratado de Kioto obriga legalmente as nações industrializadas a reduzirem a emissão de gás estufa numa média de 5.2% para o ano de 2012. Mas em menos de quatro anos após o Convenção, o Presidente do Estados Unidos, George W. Bush, retirou-se do acordo de Kioto, causando grande comoção. Uma pequena versão do acordo foi aprovada posteriormente, dando concessões aos países que ajudarem a outros a reduzirem suas emissões. Segundo alguns críticos, isto abriria a porta ao abuso dentro do sistema, permitindo inclusive que alguns países aumentem sus emissões.

Eles também argumentam que os gases podem permanecer na atmosfera por um ou mais séculos. As emissões deveriam ser reduzidas aproximadamente em 60% para que a diferença apareça. Isto teria um efeito benéfico ao nosso meio ambiente e um impacto significativo nas economias globais. Janeiro, fevereiro, março e abril foram os meses mais quentes até agora registrados. A bomba do tempo está ativada.

Fonte: Discovery channel